Salvador recebe da Unesco título de Cidade da Música

Com reconhecimento da entidade, capital baiana, prestigiada por sua fantástica ritmicidade, passa a integrar a Rede de Cidades Criativas, que promove a cooperação internacional entre metrópoles

Com informações do jornal Correio* e do portal G1 Bahia

Salvador também se tornou a segunda cidade latino-americana agraciada no segmento musical; pioneira é Bogotá, na Colômbia
(Foto: Arisson Marinho/Arquivo Correio*)

As múltiplas sonoridades, as festas e os artistas talentosos que constituem o nosso híbrido panorama rítmico fizeram com que Salvador fosse agraciada com o título de Cidade da Música. Concedido nesta sexta-feira (11) pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o reconhecimento fez da capital baiana a primeira cidade brasileira – e a segunda na América Latina – a ostentá-lo.

O honroso título, lançado em julho deste ano pela administração municipal mediante candidatura, faz parte da Rede de Cidades Criativas, iniciativa da Unesco que objetiva promover a cooperação internacional entre as metrópoles, baseada em três vetores: o desenvolvimento urbano sustentável, a inclusão social e a expansão da influência cultural no mundo.

Além da música, a Rede congrega outras seis áreas temáticas – artes midiáticas, artesanato e artes folclóricas, design, filme, gastronomia e literatura. Em âmbito nacional, Salvador se tornou o primeiro município a ser contemplado com o título de Cidade da Música e, consequentemente, a terceira cidade a ingressar na Rede de Cidades Criativas. Desde 2014, Curitiba (PR) e Florianópolis (SC) já têm o mérito do projeto nos segmentos do design e da gastronomia, respectivamente.

Na América Latina, a primeira capital do Brasil é a segunda a ser reconhecida como Cidade da Música, sendo nomeada após Bogotá, capital da Colômbia. Assim como Salvador, Brasília também teve sua candidatura homologada, mas acabou sendo excluída da honraria. Simultaneamente à nomeação soteropolitana, a cidade litorânea de Santos, em São Paulo, recebeu da Unesco o título de Cidade do Filme, enquanto Belém do Pará foi agraciada Cidade da Gastronomia.

“Agora, a poucos dias do Réveillon e do Carnaval, eventos essencialmente musicais, nada melhor do que sermos contemplados com o título por uma entidade tão importante como a Unesco”, declarou, em nota, o prefeito ACM Neto (DEM). “Os cantores, instrumentistas, compositores e todos que estão envolvidos com a música merecem este título porque levam a nossa história e cultura para o mundo”, concluiu, orgulhoso.

“Todos que estão envolvidos com a música merecem este título porque levam a nossa história e cultura para o mundo”, disse ACM Neto (à direita, ao lado de Carlinhos Brown, padrinho da campanha pelo reconhecimento)
(Foto: Reprodução/Instagram – 24/07/2015)

Investimentos

Projeções da prefeitura demonstram que a honraria recém-concedida possa auxiliar na injeção de grandes investimentos no campo da economia criativa, além de impulsionar o turismo, uma vez que cidades criativas provavelmente sejam consideradas destinos turísticos mais competitivos. Além de Salvador, outras 16 cidades, como Kingston, na Jamaica, Liverpool, no Reino Unido, e Sevilha, na Espanha, já carregam o título de Cidade da Música.

O gestor do Escritório Salvador Global – incumbido da inclusão da capital baiana no rol das Cidades Criativas –, Jorge Khoury, observou que o reconhecimento possui, além da importância cultural, relevâncias social e econômica. “O título abre espaço para que tenhamos uma projeção internacional ainda maior. Isso atrairá mais turistas e investidores para essa área”, avaliou, em entrevista ao jornal local Correio*.

Graças a essa conquista histórica, a terceira maior metrópole brasileira vai promover intercâmbios com as outras cidades musicais e propiciar a criação de projetos com vocação para a arte. Entre as iniciativas está a implantação do Museu da Música, previsto para ser inaugurado em 2017, conforme Khoury.

Na opinião do secretário municipal de Cultura e Turismo, Érico Mendonça, o reconhecimento dado pela Unesco ampliará horizontes de perspectivas em desenvolver projetos culturais focados na música. “O título reafirma o que nós já sabíamos: que Salvador é uma cidade que respira música e carrega isso em sua história. Com isso, teremos a possibilidade de fortalecer ainda mais o cenário”, persuadiu.

Artistas celebram título

Vários artistas locais também tiveram o privilégio de comemorar o título de Cidade da Música concedido a Salvador. Entre eles está o músico, cantor e compositor Carlinhos Brown, padrinho da campanha pela honraria. “A educação musical também nos coloca numa função de cidade educadora. Então, que tal estudarmos mais, ensaiarmos mais e nos encontrarmos mais para que possamos retomar os nossos tambores às ruas? Façamos dessa cidade a expressão do que ela realmente é”, comentou.

Já a cantora e compositora Daniela Mercury, que considerou legítimo o reconhecimento, avaliou-o como “extremamente justo” e “fantástico” para os soteropolitanos. “A música é a identidade da Bahia, como diria (o famoso escritor baiano) Jorge Amado (1912-2001), e assim como a arte, ela nasce da rua. É na música que a cidade se mostra para o Brasil e para o mundo. São notas que embalam multidões, melodias que inspiram alegria”, celebrou, vitoriosa.

O fundador e presidente do bloco afro Ilê Aiyê, Antônio Carlos dos Santos, o Vovô do Ilê, prevê que o título possa favorecer uma maior valorização da criatividade artística de Salvador. “Espero que, com esse reconhecimento, haja destaque para a diversidade de ritmos e gêneros que são produzidos aqui. São várias as vertentes da nossa musicalidade e a música afro, a música negra, deu uma contribuição muito grande para que isso acontecesse”, frisou o carnavalesco.

Comentários