Guardiãs do carinho e do amor

Instituído para reverenciar o papel materno nos campos familiar e social, o Dia das Mães, embora seja variável de acordo com os costumes de uma nação, está presente em âmbito universal
 
“A partir do momento que temos um filho, a vida dele passa a ser a nossa vida”, diz Juliene Santos (à esquerda, ao lado de Raí Douglas)
(Foto: Hugo Gonçalves)
 
Se não houvesse mães, seria praticamente improvável constituir suas respectivas famílias, bem como assegurar aos filhos qualidades indispensáveis, como amor, bondade, cuidado e proteção. É por esse motivo óbvio que existe, no rol de datas comemorativas fixadas mundo afora, um momento singular, com o objetivo essencial de homenagear a importância materna na família e na sociedade.
 
O Dia das Mães, apesar de ocorrer variações conforme os costumes e as tradições de um país, trata-se de uma eventualidade difundida universalmente. Ao passo que algumas nações, a exemplo do Brasil e dos Estados Unidos da América, a comemoram no segundo domingo de maio – neste ano, é festejada no dia 11 –, outros países, como Portugal, têm como data fixa o primeiro domingo do mesmo mês.
 
Tanto aqui quanto nos EUA, o dia é a segunda ocasião mais abundante para o setor comercial varejista, perdendo só para o Natal, conforme revelou uma matéria publicada no jornal Folha de S. Paulo em 2012.

Com o passar dos anos, o Dia das Mães aqueceu o comércio de todo o mundo, pois os filhos sempre compram presentes para agradá-las e para agradecer toda forma de carinho e dedicação que recebem ao longo da vida”, elucidou a pedagoga Jussara de Barros, em artigo no portal Brasil Escola.
 
Ideia nasceu após guerra civil
 
De acordo com a Wikipédia, a data, no contexto da modernidade, floresceu nos EUA do século XIX. A ativista Ann Maria Reeves Jarvis, que havia fundado em 1858 os Mother’s Days Work Clubs, associações que propunham reduzir os índices de mortalidade de crianças em famílias de trabalhadores, teve a gentileza de sugerir a criação de um dia específico para celebrar as mães.
 
Nessa perspectiva, em 1865, Ann promoveu os Mother’s Friendship Days (em português, “dias de amizade para as mães”), cujo intuito era melhorar as condições dos feridos na Guerra Civil Americana ou Guerra de Secessão (1861-1865). Cinco anos mais tarde, a escritora Julia Ward Howe (1819-1910) publicou o Mother’s Day Proclamation, manifesto reivindicando paz e desarmamento logo depois do conflito que deixou o país conturbado naquele período.
 
A filha de Ann Jarvis, a metodista Anna Jarvis (1864-1948), porém, obteve reconhecimento notório como idealizadora do Dia das Mães em seu esquema hoje vigente. Dois anos após o falecimento de sua genitora, em 12 de maio de 1907, Anna criou um memorial dedicado a ela, iniciando assim uma campanha para que a data fosse reconhecida como feriado nacional.
 
Graças ao sucesso desse movimento, a efeméride foi institucionalizada nos EUA em 8 de maio de 1914, quando o Congresso aprovou uma resolução regulamentando o segundo domingo do mês de maio como o Dia das Mães. Valendo-se dessa medida, o então presidente Thomas Woodrow Wilson (1856-1924), do Partido Democrata, decidiu no dia subsequente que os edifícios públicos americanos fossem obrigatoriamente decorados com bandeiras.
 
A eventualidade, portanto, foi celebrada pela primeira vez em 9 de maio de 1914. No entanto, devido a sua crescente difusão e comercialização, Anna Jarvis, incomodada, abdicou do movimento, repudiando a criação do feriado e esforçando-se por sua supressão no calendário festivo estadunidense.
 
Campanha criada pela americana Anna Jarvis (acima) no início do século passado inspirou reconhecimento oficial da data
(Foto: Reprodução)
 
Brasil oficializou anos mais tarde
 
De modo similar ao já manifestado nos EUA quatro anos antes, o segundo domingo de maio em reverência às mães, na conjuntura brasileira, foi introduzido em 12 de maio de 1918, de forma oficiosa, por iniciativa da Associação Cristã de Moços (ACM) de Porto Alegre. Porém, a oficialização da data no país veio através do Decreto nº 21.366, sancionado pelo então presidente Getúlio Vargas (1883-1954) em 5 de maio de 1932.
 
Em conformidade com o Artigo 1º do referido decreto, “o segundo domingo de maio é consagrado às mães, em comemoração aos sentimentos e (às) virtudes que o amor materno concorre para despertar e desenvolver no coração humano, contribuindo para seu aperfeiçoamento no sentido da bondade e na solidariedade humana”.
 
O então cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Jaime de Barros Câmara (1894-1971), sob um panorama humanista, determinou, em 1947, que o Dia das Mães estivesse inserido também no calendário oficial da Igreja Católica Apostólica Romana.
 
“A comemoração do Dia das Mães reclama na atualidade uma reflexão mais profunda e séria sobre o que é o verdadeiro feminismo e sobre a missão da mulher e da mãe para a família e para a sociedade, pois quem não souber exatamente quem é a mulher nos planos de Deus jamais saberá compreender suficientemente o que é a maternidade em todas as dimensões”, argumentou o bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro, Dom Antônio Augusto Dias Duarte.
 
Na opinião de Ilona Mejía (abraçando Johnny), é preciso que as mães tenham paciência e estejam presentes na vida dos filhos
(Foto: Hugo Gonçalves)
 
Otimismo e sabedoria
 
Genitora de Raí Douglas, de apenas 6 anos, a recepcionista Juliene Santos, 23, ressaltou que o fato de ser mãe incentiva a realização de todos os valores e ações otimistas em benefício dos filhos, inclusive a educação, o amor, o afeto, a gratidão, a empatia e a conciliação de problemas e conflitos. “Independentemente da vida moderna ou não, mãe é mãe sob qualquer circunstância”, explicou.
 
Na condição de mãe, Juliene sempre ensina ao pequeno Raí “o que é certo, o que é correto, para que ele cresça e se torne um homem de bem”. Ao se espelhar nas virtudes maternas, a jovem recepcionista proclamou uma mensagem preciosa, direcionada a uma parte primordial constituinte de cada família. “A partir do momento que temos um filho, a vida dele passa a ser a nossa vida”, disse.
 
Para a cozinheira Ilona Mejía, 39, a relevância do Dia das Mães não somente no cotidiano e na sociedade atuais, como também em momentos futuros, transparece nas funções exercidas por elas, autênticas instrutoras nas esferas doméstica e familiar, com ênfase para a educação dos filhos e da aquisição, a suas criaturas, de carinho e amor sincero.
 
Ilona, curitibana fixada em Salvador há catorze anos, busca passar as melhores coisas da vida para seu rebento Johnny, 7. “Procuro as melhores escolas dentro da minha possibilidade e das condições de pagamento. Procuro botá-lo dentro de um esporte, e quero colocá-lo agora no futebol, ele já está na natação”, ponderou.
 
Algumas mães, como Sônia Maria (à esquerda, ao lado da filha Cátia Cilene), supõem que o dia dedicado a elas não se restringe ao segundo domingo de maio
(Foto: Hugo Gonçalves – 25/12/2013)
 
Todos os dias são maternos
 
O Dia das Mães, no raciocínio de Ilona, é festejado todos os dias, não confinando-se à efeméride dominical circunscrita no calendário comemorativo. “Enfim, desejo toda a felicidade do mundo para todas as mães”, declarou. Segundo ela, é fundamental que essas protetoras familiares sejam pacientes e estejam sempre presentes na vida dos filhos, em particular no âmbito escolar. “Que elas sejam muito felizes e tenham paciência com os seus filhos.”
 
Assim como a cozinheira mencionada nesta reportagem, a dona de casa Sônia Maria dos Santos deduz que o dia em homenagem às mães e à maternidade é celebrado diariamente. “É uma alegria para todas elas”, disse. Mãe de Cátia Cilene e Adauto Júnior, ambos lotados no funcionalismo público, Sônia não dá valor para a vertente comercial da data. “Muita gente não liga para presente. Presente é a gente”, afirmou a dona de casa.
 
As conversas francas entre mãe e filho são recorrentes no dia a dia da comerciante aposentada Hildete Arcanjo, 51. Junto com o estudante universitário e estagiário de Engenharia Civil Matheus Arcanjo, 22, ela propõe um diálogo simpático, amoroso, construtivo, confiável e digno de amigo. Segundo Hildete, isso resulta em “um relacionamento mútuo”, como vem acontecendo com muitas mães, verdadeiras guardiãs do bem-estar familiar.

Comentários

Juuh disse…
Obrigado Hugo!
Ficou perfeita a Homenagem do dia das Mães.
Boa Sorte na sua Jornada!
Abracos