Sincronia imagem-som

O VJ, trabalho resultante do desdobramento das artes digitais e da ampliação tecnológica, idealiza composições que interagem o visual com o auditivo
 
Intervenções artísticas são criadas, recriadas e exibidas em tempo real
(Foto: Divulgação)
 
Arquiteto de utopias que misturam imagens e sons, o video-jockey cria, modela, manipula, mixa, articula e reconstrói elementos visuais em tempo real, dialogando com elementos que produzam qualquer efeito sonoro. Difundido popularmente pela sigla VJ, ele se utiliza de dispositivos tecnológicos a fim de que suas invenções e intervenções sejam irradiadas em ambientes externos e internos.
 
Os VJs floresceram na conjuntura das artes, dos espetáculos, da cultura underground e da música eletrônica, como artefatos provenientes do desdobramento das artes digitais e também do aprimoramento e da expansão das tecnologias de áudio e vídeo. Foi o que disse o artista plástico, artista multimídia, VJ e videomaker Davi Cavalcanti, mais conhecido pelo apelido Gabiru, um dos mais requisitados do segmento na Bahia.
 
A figura do VJ, embora tendo seu código genético nas discotecas de Nova York nos anos 1970, obteve prestígio, anos mais tarde, ao associá-la com o video-jockey da emissora Music Television (MTV). “O surgimento do VJ tal qual a gente conhece é na década de 1990, mas eu diria que a ideia de VJ surgiu desde o momento em que a gente começou a trabalhar com as imagens industriais: fotografia e cinema”, elucidou.
 
Entre os conceitos exercitados por um VJ, Gabiru privilegia o VJing, “modo de fazer” do profissional, e o video mapping, procedimento no qual ele adapta imagens projetadas em qualquer superfície, além dos mashups, montagens nas quais fusões musicais são postas em prática, veiculadas unicamente pela internet. O multiartista ressaltou que, enquanto um disc-jockey, ou DJ, reproduz músicas, o VJ “toca” as imagens.
 
No entanto, existe, entre as duas funções, um paralelo: para que um VJ seja versátil, compreender e assimilar noções de música e incorporá-las a suas técnicas é inevitável.

“O DJ trabalha na reconstrução da música, a partir da justaposição de outras músicas e elementos sonoros. Com essa mesma lógica, o VJ trabalha na reconstrução de imagens, justapondo sentidos, coisas e grafismos a uma imagem já construída ou a ser construída”, explicou.
 
Por ser multimídia, um VJ emprega todas as ferramentas apropriadas (como o software Motion Dive, acima)
(Imagem: Reprodução)
 
Uso de ferramentas
 
De acordo com Gabiru, um VJ se vale de todos os tipos de ferramentas necessárias para a produção, a edição e a apresentação de imagens, a exemplo dos softwares específicos encontrados em computadores. Todavia, é fundamental, na acepção dele, entender, estudar e fixar os conteúdos básicos inerentes à profissão, porque a técnica, em consonância com outra matéria-prima essencial, a ideia, requer simples compreensão.

Os VJs executam intervenções artísticas múltiplas nas cidades, como instalações, esculturas, projeções em edificações públicas e em monumentos, além de projeções somadas a performances. Entre o VJ e as artes urbanas, há uma relação que, conforme o artista multimídia, é intrínseca e inseparável. “A partir do momento em que as projeções mapeadas começaram a acontecer na cidade, elas partiam para além das telas e da superfície”, disse.
 
Assista, abaixo, a algumas performances de VJs pelo mundo

Otto + Moto Live Performance no Mapping Festival - Genebra, Suíça, 2010. Trata-se de um espetáculo protagonizado pelos multiartistas Otto von Schirach, estadunidense, e Motomichi Nakamura, japonês.



Instalação de vídeo The Missing Link Show - La Gaîté Lyrique, centro de música moderna e artes digitais de Paris, 2012.


Comentários

Hugo Gonçalves disse…
Parabéns, Hugo. Muito bom !

Max

(Max Bittencourt - professor da Unijorge)
Hugo Gonçalves disse…
Maravilha, Hugo!
Parabéns!
Saudades de você!
beijos

(Patrícia Moraes - Professora da Unijorge)