Fontes tipográficas exclusivas na imprensa

Exemplo de texto composto na fonte Times New Roman, criada em 1932 pelo tipógrafo britânico Stanley Morrison apenas para o The Times. Logo após sua introdução no célebre jornal londrino, ela passou a ser bastante popularizada internacionalmente, sendo empregada na maioria dos periódicos

Algumas variações de versões e pesos da família Taz, elaborada entre 1996 e 2005 pelo tipógrafo holandês naturalizado alemão Lucas de Groot, especialmente para o jornal Die Tageszeitung, de Berlim, e usada em outros jornais ao redor do mundo, como os brasileiros Estado de Minas (Belo Horizonte) e A Tarde (Salvador)

Desde 2008, a Taz é usada em A Tarde graças a comercialização mundial dessa ultramoderna família sem serifa, a começar pela revista Muito, encartada aos domingos no jornal baiano. Acima, fragmento de página de uma edição da publicação, datada de 7 de fevereiro de 2010

Outra fonte assinada por Lucas de Groot especificamente para a imprensa, a Folha Serif, encomendada pela Folha de S. Paulo em 1996, pode ser observada nos exemplos acima: as três primeiras letras do nosso alfabeto, maiúsculas e minúsculas; e dois títulos extraídos de primeiras páginas do maior jornal do Brasil

A serifada Estado Headline (aplicada no primeiro título) e a sem serifa Flama (aplicada no segundo título), executadas pelo tipógrafo português Mário Feliciano para o novo projeto gráfico do Estadão, lançado em março de 2010, despertam a atenção do leitor pela agilidade na leitura dos textos

Poucos periódicos ao redor do mundo, na contemporaneidade, se utilizam de uma plenitude de fontes tipográficas formuladas exclusivamente para essa espécie de veículos por profissionais experientes. Nesta conjuntura, torna-se conveniente e necessário enfatizar algumas delas, com o propósito de compreender a relevância e a prevalência da sofisticada tipografia na diagramação de jornais e de revistas.

Vale ressaltar que, preliminarmente, magnificentes órgãos de imprensa encomendam a concepção e a feitura de famílias tipográficas em pesos e tamanhos diferentes, incumbência esta atribuída aos renomados tipógrafos, em geral provenientes de países da Europa - particularmente a Alemanha, berço da imprensa ocidental - e dos Estados Unidos da América.

Hoje uma das fontes mais populares em computadores e na imprensa internacional, a serifada Times New Roman, foi criada em 1932 pelo tipógrafo britânico Stanley Morrison (1889-1967), por encomenda do The Times, de Londres, um prestigiadíssimos jornais do planeta, em substituição à antiquada Times Old Face, então em uso. O The Times passou a utilizar a nova fonte em sua edição de 3 de outubro de 1932.

Morrison teve a honra e a glória de ter inventado a Times New Roman na empresa Monotype Corporation, também na capital da Inglaterra, recebendo a designação Monotype Times New Roman. A utilização dessa versão, durante um ano, ficou restrita ao notável jornal londrino; momentaneamente, ela se multiplicou, sendo empregada em uma infinidade satisfatória de periódicos em todos os cinco continentes e em processadores de texto.

O tipógrafo Lucas de Groot, holandês radicado na Alemanha, produziu uma série de fontes exclusivas para jornais, caracterizadas por sua leveza formal, sua versatilidade e sua legibilidade, como a família sem serifa Taz, elaboradas em 1996 para o berlinense Die Tageszeitung, de viés progressista, e, por curiosidade, até a Folha Serif, em parceria com o alemão Erik Spiekerman, desenhada a pedido do brasileiro Folha de S. Paulo, no mesmo ano, quando da sua reformulação gráfica.

Com quinze pesos diferentes para serem mercantilizados em âmbito planetário, a família Taz já usufrui de três gerações - a terceira e última é usada no Die Tageszeitung desde 2005. Pelo menos dois diários, no Brasil, utilizam agressivamente esta fonte, a despeito da parcimônia na sua difusão global, a saber: o Estado de Minas, desde 2004, e A Tarde, aqui na Bahia, desde 2009. Entretanto, um ano antes, ela já havia sido introduzida na revista dominical Muito, encartada nesse jornal.

Ao modificar a feição gráfico-editorial do Estado de S. Paulo, em princípios de 2010, outro tipógrafo europeu, o português Mário Feliciano, desenhou três fabulosas tipologias, todas de uso exclusivo do periódico - as serifadas Estado Headline e Estado Fine, e a sem serifa Flama, empregadas em manchetes e títulos de matérias. O estilo contemporâneo, flexível e legível de seus caracteres faz com que o leitor do Estadão proporcione velocidade na leitura dos textos.

Grande parte das fontes produzidas especificamente para periódicos, conforme observamos antes, ainda não se popularizou, exceção atribuída à famigerada Times New Roman. Contudo, outras famílias tipográficas, como a supracitada Taz, obra-prima talhada por Lucas de Groot, foram incorporadas aos projetos gráficos jornalísticos devido a sua comercialização mundial, dando um impulso tanto na própria imprensa quanto no design tipográfico.

Comentários