Um salto na ciência

Programa de intercâmbio para desenvolvimento científico e tecnológico brasileiro, o Ciência sem Fronteiras foi anunciado hoje pela presidente Dilma Rousseff durante reunião no Planalto

Com informações da Agência Estado e do G1

Da esquerda para a direita: Moreira Franco, secretário de Assuntos Estratégicos; Dilma Rousseff; Miriam Belchior, ministra do Planejamento; Aloízio Mercadante, ministro da Ciência e Tecnologia
Expectativa não é formar cientistas “automaticamente”, observa Dilma
(Foto: Roberto Stuckert Filho/Presidência da República)

Durante a 38ª reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), nesta terça-feira (26), no Palácio do Planalto, em Brasília, a presidente da República, Dilma Rousseff (PT), anunciou o programa Ciência sem Fronteiras. A meta, de acordo com ela, não é reduzir a formação de profissionais da área de Humanas, mas dar um salto na formação e no aprimoramento de engenheiros, pois o avanço nas Ciências Exatas é deficitário no Brasil.

Conforme Dilma, a expectativa do projeto, fruto da cooperação interministerial entre as duas pastas – Educação e Ciência e Tecnologia – não é formar “automaticamente” 75 mil pesquisadores, e sim integrá-los às instituições de ensino superior e às empresas, com o intuito de transformar o conhecimento e a inovação. “Vamos formar a base de pensamento educacional do país”, justificou.

O programa, lançado com a presença de ministros da área econômica, dentre eles o da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, vai custear 100 mil bolsas de intercâmbio do nível médio ao doutorado, em mais de 200 universidades estrangeiras, nas áreas de Engenharia e Tecnologia, Ciências da Saúde e Ciências Biológicas, dirigidas a estudantes e pesquisadores brasileiros. Enquanto o governo federal vai oferecer 75 mil bolsas, as 25 mil restantes resultam de convênios com a iniciativa privada.

Investir para progredir

A prioridade é investir forçosamente em Engenharias, Computação, Tecnologia Aeroespacial, Ciências Exatas (Matemática, Física e Química), Produção Agrícola e demais modalidades tecnológicas, visando alavancar o progresso científico, tecnológico e competitivo no país. "O Brasil precisa dar um salto em inovação, ciência e tecnologia", afirmou Dilma. Para ela, o Ciência sem Fronteiras terá como critério substancial o mérito e atenderá às demandas das camadas mais carentes da sociedade.

“Nós não estamos fazendo um programa baseado no ‘quem indica’. Estamos criando no Brasil ações orientadas pelo mérito dentro de um quadro de um grande esforço de garantir que as populações mais pobres tivessem acesso ao mérito”, ponderou Dilma Rousseff.

Ela ainda pontuou que estudantes oriundos de comunidades pobres, a serem beneficiados pelo projeto, serão pré-selecionados pelo Programa Universidade para Todos (ProUni) e pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) para obter bolsas de intercâmbio acadêmico no exterior utilizando-se do critério do mérito. Segundo a presidente, o programa, válido para todas as regiões brasileiras e com público-alvo de 124 mil alunos, contemplará, além do mérito, questões de gênero e de etnia.

Nos últimos oito anos, conforme ressaltou Dilma, o crescimento econômico no país gerou dilemas exorbitantes na área de infraestrutura e, além disso, há, no mercado de trabalho, uma carência enorme de profissionais de Engenharias e de Ciências Biológicas. "Hoje, nós não precisamos apenas de engenheiros nas tesourarias dos bancos, mas para fazer projetos, trabalhar na infraestrutura e na área de pesquisa”, explicou.

Setor privado em baixa

O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, apontou o baixo investimento da iniciativa privada em projetos de pesquisa e de desenvolvimento como um dos problemas na produção de patentes no Brasil. De acordo com Mercadante, enquanto 2/3 (dois terços) das patentes registradas no exterior originam-se da iniciativa privada, a procedência do mesmo fenômeno, ao ser verificado no país, se atribui às universidades públicas.

Das 75 mil bolsas ofertadas pela União através do Ciência sem Fronteiras, 27,1 mil vão subsidiar alunos de graduação; 24,5 mil, a alunos que cursam doutorado no período de um ano; 9,7 mil para doutorado integral e 2,6 mil serão destinadas a pós-doutorado. Quanto ao restante das bolsas, que serão oferecidas nas instituições estrangeiras, 700 servirão de benefício ao treinamento de especialistas; 860 serão direcionadas a jovens cientistas e grandes talentos e 390, a pesquisadores visitantes no país.

A seleção e a oferta das bolsas, cujo valor médio, segundo o Ministério da Ciência e Tecnologia, é US$ 800 mensais, serão administradas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Estudantes devem se inscrever para as bolsas neste ano, porém a data ainda não foi definida pelo governo.

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