Imprevistos ao buscar fontes

A generosa obsessão pela encantadora aventura de obter informações para tecer tipos sortidos de matérias perpetua em mim em movimentos contínuos, dinâmicos, voluntários, industriais, dentro do meu depósito de ideias. Quando penso em um certo assunto, o volume da liberdade e do prazer em reportá-lo aumenta em conformidade com o meu estado de espírito e as minhas sensações. Tudo isso em tempo regular, jamais em ritmo acelerado; caso eu, como jornalista em formação, opere aceleradamente, as matérias sairiam com nítidas incorreções.

Selecionar fontes confiáveis e rígidas faz da arte de transformar acontecimentos em produtos informativos um exercício exatamente prazeroso. É como fosse, para artífices novatos dessa estratégia a exemplo de mim, um ensaio para entrar em campo profissionalmente em corporações midiáticas de reputação significativa. Já que sou perfeccionista e tenho excelentíssimo talento e emocionante aptidão na mídia escrita, meu ofício é expandir horizontes intrínsecos à pesquisa, à entrevista, à apuração e à redação final intencionando um texto primoroso e bem acabado.

Com ou sem pauta, esse é o meu estilo criativo de gerar uma matéria a ser veiculada. A pauta é um rígido e inabalável pilar, que serve de orientação e de planejamento ao repórter ou ao reportariado para a cunhagem de futuras notícias, reportagens e entrevistas. Dentro dela há fontes necessárias, condizentes com o tema proposto, para serem consultadas, de maneira presencial ou à distância (por telefone, por e-mail e até por MSN ou demais redes sociais virtuais). Se eu não achar alguma fonte mencionada na pauta, eu, com honrada aparência de legítimo homem de imprensa, estaria em constante busca de outras fontes que me explicassem sobre o tema.

Nestes dias, estou tentando, através de telefonema ou de uma simples mensagem de e-mail, agendar entrevista com minha vereadora favorita, de linhagem afrodescendente, representante da esquerda e dos interesses da etnia e da classe a qual ela pertence (não posso citar o nome e o partido dela). Missão prioritária na minha presente circunstância em se tratando de matéria testemunhal, a entrevista com a parlamentar deverá ser concretizada em um horário vago, em que ela não esteja inserida em algum compromisso interno da Câmara Municipal ou externo, ou seja, pertinente à sua própria legenda e afins.

A entrevista está planejada há quase quatro meses, portanto permanece engavetada, cujas razões inviabilizadoras são a ausência da autoridade citada, que tenho generosidade na pretensão de conversar, ou da assessora de comunicação responsável pelo agendamento da matéria. Tinha frequentado três vezes o gabinete da vereadora, personagem-chave para o tão esperado momento, para solicitar aos assessores a marcação da entrevista, no entanto ela estava ausente. Naquelas ocasiões passadas, a frustração concernente à falta dela no local ficou subentendida no meu armazém racional.

Em paralelo, preservando minha paciência, continuo pedindo telefonicamente ao assessor a tão sonhada conversação com minha vereadora predileta, cujos ideais têm estreitíssima afinidade com as aspirações, as vontades e os anseios populares da nossa cidade. Quanto à expectativa em alcançar tal feito, quero que a conversação seja elaborada até o fim do meu agradável ócio produtivo de meio de ano.

Imprevistos ocorrem ou transcorrem ao planejar matérias jornalísticas e/ou ao forjá-las valendo-me do meu luminoso dom de investigar, reportar, publicar e publicizar a estratégia da veracidade. Porém, minha sensível alma criativa não deve ser estagnada por ser perenemente progressiva e atualizada, adicionando informações inéditas no meu frutífero currículo midiático. Não vou e jamais irei preocupar-me com os imprevistos nas fontes para a formulação de uma singela ou complexa entrevista, notícia ou reportagem. Eu e todos nós temos que nos acostumar com os contratempos.

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