Péssima qualidade instrutiva

Não queremos enxergar escolas e universidades públicas depredadas, pichadas e sem luz (dá para entender o trocadilho?) em contraposição às equivalentes particulares, bem cuidadas, tratadas e aparentadas. O que queremos é uma metodologia pedagógica eficaz, que funcione de modo rigoroso, com mais conhecimentos acumulados para que o aluno seja completamente instruído, do jardim de infância até o nível acadêmico. Queremos, obviamente, doses excessivas de educação para mulheres, negros, indígenas, analfabetos, órfãos, mendigos, criminosos, desnutridos, trabalhadores informais, deficientes, menores desamparados e demais hierarquias, as quais denominamos minorias sociais.

Estamos convictos de que a falta de educação não é somente um empecilho de ordem estritamente social, pois é subordinada a fatores econômicos, como emprego e renda, e políticos, como a inoperância dos governantes em não levá-la a sério. Um indivíduo que vive abaixo da linha da pobreza, na miserabilidade absoluta, não exprime suas perspectivas de um amanhã proveitoso. Sua aptidão cognitiva não ultrapassa os 100%, o que presume em ser um ente com deficiência instrutiva, total ou parcial, habitando em zonas onde o império das letras é cultivado timidamente. Ou então é inserido no "Clube dos Ignorantes", conglomerado interpessoal oprimido por um aparato inibidor de avanços que lhes seriam vantajosos. Há algum sócio nesse clube?

Creio que sim. Ignorante é sinônimo de excluído, de antissocial, de prepotente, de mal-educado, de insensato, vulnerável ao gradual desaparecimento da consciência. Eventualmente, esse espécime pode ser tratado como hipócrita, impostor, fingidor. Organismo com nula ou pouca habilidade de conhecimento, ciência, sapiência e aprendizagem. Por conseguinte, sua mente encontra-se em constante refluxo e descompasso. Refere-se a um avançado estado de insanidade psíquica, preterindo substancialmente sua probabilidade de instrução. Este tipo vacilante de perfil não é compatível com o de pessoas letradas, como mestres, doutores e profissionais liberais.

Posso considerar a inserção de jovens e adultos nas escolas como uma estratégia de caráter cooperativista, porque eles, num futuro próximo, podem ser alfabetizados, aprendendo e memorizando o alfabeto, os algarismos, enfim, rudimentos de aprendizagem. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma excelente ferramenta para tentar conter os anacrônicos analfabetismo, repetência e evasão imperantes no grosso da desigualdade, ora suburbano, ora urbano, ora rural. Contudo, não estamos vendo resultados frutificantes da EJA, daí o aumento substancial dos distúrbios da nossa real educação, sem resquícios de hipocrisia e de impostura.

Nos mais longínquos confins do interior até as maleáveis e flexíveis planícies litorâneas, o ensino público de qualidade deve ser um item basilar e plausível para os mais necessitados. Hoje, vemos escolas abandonadas, ausência de membros da equipe pedagógica, ausência e/ou incipiência de materiais prioritários para o aluno ir para os locais de ensino e voltar para sua casa. Todos nós estamos cônscios de que a educação não é um simples estratagema mercadológico, pois não foi instituída para fins lucrativos, acumulando ações nas bolsas de valores; é algo complexo, porém um aspecto de suma necessidade para aqueles que suplicam por suas condições qualitativas de sobrevivência. Os estabelecimentos comerciais foram criados, apenas, para formar artífices comprometidos com o progresso.

Queria dizer ao nosso aglomerado de pessoas sobre o fantástico potencial instrutivo, conduzindo os alunos a se livrarem dos pecados mundanos – a ganância, a impiedade, a prepotência, a inércia e a carência de recursos obrigatoriamente canalizados para um bem valioso da sociedade mundial. Estamos convencidos de que nunca seremos cúmplices de nenhuma negatividade, e não iremos florescer cumplicidades equivocadas para servir de pedra no sapato nos âmbitos comunitário e societário. A educação deve ser tratada como meta número 1, assim como a paz, idôneas entre si. Pessoas anônimas, como eu, foram nascidas, criadas e crescidas na conjuntura pedagógica, mas a maioria delas não a seguiram.

Educação é, sobretudo, muito mais do que um dever, uma obrigação. Educação é uma singularidade societária, cuja estrada para tal caminho é árdua. Não obstante, somos capacitados, desde pequenos, a aprender e a apreender os valores compilados em aparatos jurídicos, batizados leis, transpassadas hereditariamente. No bojo da educação estão incluídos os alicerces axiológicos, que devem ser cumpridos espontaneamente por estudantes, familiares e docentes, intuindo distinguir o joio do trigo, como diz a velha parábola enfeixada nas Escrituras Sagradas. Temos que sermos instruídos uns aos outros, para que não sejamos insensatos. A práxis pedagógica, enfim, deve ser ensinada de geração em geração.

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