Pequenos sem-teto

Crianças e adolescentes, apesar de estarem morando nas vias públicas por muito tempo, abandonam cedo os estudos e o lazer, que eram suas atividades originais, para se integrarem à População Economicamente Ativa (Pea), com a vergonhosa finalidade de ajudar nos sustentos familiares.

Os meninos de rua, como esses menores que vivem à toa por todos os cantos das maiores cidades são chamados, moram em condições completamente problemáticas, transformando as ruas, avenidas e praças em um "lar" exclusivo para eles. Esse humilhante quadro social continua crescendo sem parar, persistindo até os dias atuais, tanto no Brasil quanto no mundo.

A infância que os menores outrora aproveitaram foi tristemente substituída pela miserabilidade, pela indigência e pelo extremo descaso social por parte das autoridades políticas e da sociedade civil. Além disso, eles convivem com diversos perigos do nosso cotidiano, como a violência, as drogas e a fome, responsáveis pelo fim precoce da vida humana.

Frequentemente, vemos crianças trabalhando informalmente em ruas e avenidas movimentadas, dormindo, se prostituindo e se drogando em praças e morando embaixo de viadutos. É por isso que os nossos governantes não estão conseguindo enfrentar esse problema crônico que afeta não só o ambiente urbano, mas também a população das grandes cidades.

Humilhantemente, certas pessoas que caminham pelas ruas e curtem as praças e os largos por prazer dividem espaço com crianças pobres e desprotegidas que decidiram improvisá-las como suas habitações coletivas. As metrópoles, em consequência, são um verdadeiro campo de batalha entre bandidos e mocinhos, ou seja, excluídos da sociedade e indivíduos que possuem certo grau de educação, perspicácia, conhecimento e conscientização. Nós, pessoas sábias, racionais e conscientes, devemos compreender melhor essa dicotomia social. Temos que separar com atenção o bem do mal, o trigo do joio e a paz da guerra.

Conscientizar, que para nós deve ser palavra-chave para a educação e a instrução do povo, é um verbo que não existe, de modo algum, no vocabulário de uma grande e incontável massa de pequenos carentes sofridos. Sua conscientização, por sinal, já está totalmente desaparecida nos seus âmbitos racional e psicológico.

Quanto a suas péssimas formas de viver, os meninos de rua não possuem sequer assistência e segurança, tornando-se de fato excluídos, marginais e bandidos das comunidades. O real objetivo da constante presença deles por tudo quanto é logradouro é aumentar os indicadores de desigualdade que, por sua vez, contribui para o desequilíbrio da concentração de renda.

Para que isso não aconteça, os menores que hoje estão abandonados por toda a cidade deveriam seguir o caminho certo: estudar, se divertir, ter uma boa moradia e se alimentar corretamente para ter uma qualidade de vida. A educação, que para eles não é prioritária, deve ser posta em primeiro plano para que eles tenham um futuro melhor, mais justo e mais digno.

Como consequência do tamanho do abandono infanto-juventil, há o analfabetismo, as carências de habitação, nutrição, infraestrutura e a ascensão do trabalho infantil. Uma nova vida só será possível através do retorno das crianças e dos adolescentes às escolas, consideradas suas segundas casas.

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