Um clássico caracterizado pelas brigas

Não estou entendendo até que ponto os sangrentos casos de violência chegaram ao seu nível mais crítico em Salvador por causa do primeiro – e confuso – Bavi, ocorrido ontem, no estádio de Pituaçu. Várias cenas que estragaram o prazer das duas maiores torcidas da Bahia de repente apareceram, manchando a imagem do que seria uma das emocionantes partidas do clássico desta temporada do Campeonato Baiano de Futebol. Foi neste jogo que o Vitória conseguiu uma vantagem sobre o time mandante, o Bahia, com um gol marcado pelo artilheiro Júnior.

Sendo um dos estados mais violentos do Brasil, a Bahia não possui um eficiente sistema de segurança pública, pois os índices estão aumentando progressivamente. A violência interfere mesmo em todos os eventos da nossa vida cotidiana, tanto nas cidades quanto nos campos. Quanto às agressivas ocorrências nas áreas urbanas, no caso da capital baiana, elas aniquilam com barbaridade a vida de muitas pessoas, mesmo não sentindo-se indefesas. Brigas entre torcidas que representam as equipes tricolor e rubro-negra são um grande exemplo do tamanho das agressões contra a nossa sociedade.

A grande causadora do bárbaro episódio que destruiu a imagem do nosso querido futebol foi a Torcida Uniformizada Os Imbatíveis, a maior torcida organizada do Vitória. Seus integrantes atiraram, sucessivamente, pedras em cima dos torcedores do tricolor que se encontravam perto do portão de acesso a Pituaçu. Essa confusão generalizada começou imediatamente quando um torcedor do Bahia jogou uma garrafa de vidro contra os rubro-negros e, em resposta, eles intensificaram a violenta rivalidade fora dos gramados. Rivalidades, portanto, geram sérias crueldades, produzindo vítimas.

Torcedores que assistiram à primeira partida da decisão do Baianão saíram-se prejudicados pela confusão quanto ao seu estado de saúde. Um integrante da Bamor, que é considerada uma das torcidas organizadas mais violentas do estado, chamado Elisson Ferreira, teve sua perna seriamente atingida por uma bomba caseira que explodiu na parte da arquibancada ocupada pelo grupo. Sua imediata reabilitação aconteceu através do constante trabalho dos profissionais que trabalhavam na ambulância no próprio local da partida. Dentro do campo, os médicos são os anjos da guarda dos atletas.

Outro indivíduo presente, um adolescente tricolor de 14 anos, de nome Wesley Oliveira Almeida, foi um dos vitimados pela crescente onda de violência através dos conflitos promovidos pelos rubro-negros da Os Imbatíveis. Atingido com um tiro a bala nas vértebras cervicais, Wesley por pouco não foi assassinado. Por sorte, uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) socorreu o paciente no próprio local do ocorrido, levando-o a dois hospitais diferentes: um público, o Hospital Geral do Estado; e um particular, o Jorge Valente. Infelizmente, ele continua internado neste último, em estado grave.

Esperamos que tristes acontecimentos de violência no futebol como esse não se repitam nos próximos momentos. Os jogos dessa popular e maravilhosa modalidade esportiva devem ser organizados de forma harmoniosa entre os dois times que entram em campo todas as semanas, para que não haja brigas frequentes entre torcidas rivais, sinônimos de uma guerra civil nos gramados. Futebol é um grande e adorado espetáculo de lazer, no qual a paz deverá reinar por longos anos, mesmo que a violência esteja firmemente controlada não só pela polícia, mas principalmente pela onipresença de Deus.

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