Sou boca-riense de coração

Vista panorâmica parcial da Boca do Rio
Hugo Gonçalves

Vou dar um tempo agora para falar um pouco sobre o bairro soteropolitano onde eu tenho morada fixa há quase vinte anos: a Boca do Rio. É um lugar que, para mim, é aconchegante, calmo e agradável, me traz felicidade e tranquilidade e, portanto, me dá um prazer de viver melhor. Grande parte dos seus moradores leva uma vida simples, bonita, pacífica e cheia de muito orgulho e amor que eles carregam no coração. Além disso, ajuda a construir as histórias, os valores e as tradições da comunidade.

Quando nasci, há 21 anos, eu e meus pais, Celino e Jaciara, então recém-casados, morávamos no Nordeste de Amaralina, que, por sinal, era o bairro onde minha mãe foi criada. Aí, meu pai achou nos classificados de um jornal o anúncio referente à venda de um terreno na Boca do Rio onde nosso lar seria construído. Passei a morar nesse bairro com apenas um ano, chorando e engatinhando sob o chão sujo de cimento branco. Sinto-me, praticamente, um autêntico boca-riense, pois passei a maior parte da minha vida aqui mesmo.

Amontoados de residências por todos os cantos, entre casebres, casas, sobrados e edifícios, quase todos os logradouros são dotados de infraestrutura básica. Da laje ou da varanda da minha casa, vejo um panorama exuberante de parte do meu bairro e adjacências. Assim, é possível observar os edifícios coloridos do Imbuí, do Stiep e de Armação; o ultracontemporâneo Centro de Convenções, com suas estruturas metálicas futurísticas; e as grandiosas caixas-d'água circulares da Embasa. Os montanhosos areais e o Oceano Atlântico das praias da orla marítima da minha querida Salvador complementam nosso pedaço de paraíso.

Um monte de estabelecimentos comerciais me deixa realmente impressionado pelo intenso movimento dos habitantes do local, particularmente no fim de linha. Essa região parece mais o centro da cidade, pois reúne mercados, lojas, restaurantes, bares, oficinas e camelódromos isolados, onde os ambulantes vendem mercadorias a preços populares. Apesar de suas diversidades, o comércio da Boca do Rio é um dos melhores da capital baiana.

Sendo orgulhosos moradores do bairro, eu, meu irmão e meus pais passeamos em locais que lhe são próximos. Para nos escaparmos do sedentarismo, inúmeras opções de lazer estão à nossa espera, como a Praia de Itapuã, o Jardim dos Namorados, o Aeroclube e o Corsário. Lá, nos divertimos alegremente, praticando atividades físicas, curtindo o sol, o mar e a vegetação litorânea e bebendo água de coco. Os esportes que eu mais gosto de praticar são uma caminhada leve e saudável, um delicioso mergulho e uma animada partida de futebol nas quadras à beira da Praia dos Artistas.

Tenho enorme preferência pelas saborosas iguarias que a baiana de acarajé Eliene prepara com carinho, em sua tenda amarela perto de uma esquina no Imbuí. Gosto muito dos acarajés, abarás e cocadas que ela faz, pois são os melhores do local por serem bem temperados com um toque tropical. Comer um suculento acarajé ou abará, acompanhado de caruru, vatapá, salada vinagrete, camarão e pimenta (opcional) tem um gostinho mágico de quero mais! É por isso que sempre admiro as coisas da minha terra, como essas comidas típicas à base de dendê.

O trabalho, a coragem, a persistência, a luta e o sacrifício de todos aqueles que ocupam cada terreno deste maravilhoso recinto colaboram para o seu progressivo bem-estar. Portanto, admiro essa gente alegre, diferente e simpática que se orgulha em viver aqui neste lugar onde, ao fundo, vê-se a nossa orla deslumbrante. Continuar morando na Boca do Rio é, realmente, sinônimo de liberdade e de paz e, acima de tudo, um presente que Deus nos deu com muito amor.

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